O que é ETF? Conheça os tipos e as vantagens antes de investir


ETF é um produto financeiro que dá ao investidor uma alternativa mais simples e acessível para se investir na bolsa de valores. É possível aplicar em fundos diversos, que vão desde ações até criptomoedas. Neste texto, vamos te explicar, com a ajuda de especialistas, o que é um ETF, quais suas vantagens, desvantagens, tipos e como funciona esse investimento.

O que é staking em criptomoedas?O que é a mineração de criptomoedas? [Investimentos]O que é um ETF (Imagem: Vitor Pádua/ Tecnoblog)

O que é um ETF

ETF, ou “Exchange Traded Fund”, é um fundo de investimento que, em tradução livre, significa “fundo negociado em bolsa”. Em poucas palavras, é um produto financeiro referenciado em algum ativo, como um índice da bolsa de valores, como o Ibovespa, renda fixa ou ainda em criptomoedas, como o bitcoin (BTC) ou ether (ETH). Pense nele como um pacote geralmente composto por várias aplicações.

O primeiro ETF data dos anos 80, criado nos Estados Unidos. Desde então, esse tipo de fundo se tornou bastante popular no exterior, chegando ao Brasil em 2004 com um fundo que referenciava as cinquenta ações mais valorizadas listadas na B3.

ETFs são fundos de investimento negociados na bolsa de valores (Imagem: Austin Distel/Unsplash)

Em 2021, vimos o surgimento de Exchange Traded Funds também baseados parcial ou inteiramente em criptomoedas. O QBTC11 foi o primeiro produto do tipo a chegar no país. Esse ETF de bitcoin é referenciado 100% no ativo digital, por exemplo.

Um ETF é geralmente composto por uma série de ativos financeiros administrados por uma gestora. Os investidores são grupos de pessoas. Cada uma delas compra uma cota de participação. Por isso, os valores variam de acordo com cada produto e por sua composição de ativos. Ou seja, é um tipo de investimento indireto que facilita a entrada de mais gente no mercado financeiro tradicional.

Em entrevista ao Tecnoblog, Luiz Barsi Neto, sócio proprietário do escritório de assessoria MMbarsi investimentos, nos ajudou a entender melhor esse conceito financeiro:

“Os ETF são fundos de gestão passiva, com as cotas comercializadas na bolsa de valores, igual às ações convencionais.”

Luiz Barsi Neto

Conforme explicado por Barsi, existe, por exemplo, o próprio ETF do Ibovespa. O fundo replica o índice e oscila de maneira muito parecida, mas vale lembrar que esses fundos geralmente têm taxa de administração.

“A ideia do ETF é dar a comodidade para o investidor seguir determinado índice de ativos, como, por exemplo, criptomoedas, renda fixa e ações, podendo ser classificados pelo IBOV, s&p 500, dividendos, fundos imobiliários, etc)”

Luiz Barsi Neto, sócio proprietário da MMbarsi investimentos

Como Funciona um ETF

Caso um investidor deseje investir em empresas do Índice Bovespa, por exemplo, ele pode verificar a composição e comprar individualmente as ações no site da bolsa de valores. No entanto, é um processo mais trabalhoso e mais caro do que investir em um ETF que já segue esse índice, segundo Barsi.

Um ETF é referenciado em algum ativo, de renda fixa, variável ou até criptomoedas (Imagem: Austin Distel/Unsplash)

Por isso surgiram os ETFs, para facilitar a entrada de investidores no mercado financeiro e na bolsa. Nesse modelo, uma gestora vai adquirir as ações que fazem parte do índice e então negociará as cotas do fundo, de maneira similar a outros fundos de investimento.

Assim, se um investidor quiser aplicar em todas as ações do Ibovespa, por exemplo, ele pode fazer isso simplesmente comprando uma cota de um ETF referenciado no IBOV.

Quais são os tipos de ETFs

Por mais que os ETFs funcionem praticamente da mesma forma, é importante pincelar que existem diferentes tipos de índices que esses fundos podem seguir: de renda variável e de renda fixa.

Os ETFs de renda variável são os ETFs de ações. Esses fundos são negociados na bolsa de valores e correspondem a algum índice reconhecido pela CVM, ou Comissão de Valores Mobiliários, como o Ibovespa.

No Brasil, o Exchange Traded Fund mais conhecido é o chamado BOVA11. Esse fundo acompanha o Ibovespa, representando 80% do volume negociado. No entanto, há outros índices de ações nos quais diferentes ETFs podem ser referenciados.

Há também os ETFs de renda fixa. Assim como todo Exchange Traded Fund, esses fundos são negociados na bolsa, mas refletem as variações e a rentabilidade de títulos públicos ou privados, principalmente. Essa é uma opção considerada mais segura para um investidor que está entrando agora na bolsa.

Por fim, existem os ETFs de criptomoedas. Diferentemente dos outros fundos de investimento desse tipo, eles são referenciados em um ou mais criptoativos, como bitcoin e ether. As composições podem ser 100% em um ativo digital, parcial entre múltiplas criptomoedas, ou ainda mesclado com renda fixa, por exemplo.

Vantagens de investir em ETFs

ETFs são uma opção mais simples para entrar na bolsa de valores (Imagem: Maxim Hopman/Unsplash)

“Simplicidade” é a palavra-chave aqui. Mas há também outras vantagens, como os valores de entrada. As cotas de um ETF tendem a ser mais baratas do que o valor mínimo de entrada de uma ação de uma empresa.

“A principal vantagem do ETF, ao meu ver, é a simplicidade para o investidor em se investir em uma cesta de produtos de uma maneira mais rápida e prática, democratizando o acesso ao mercado de capitais.”

Luiz Barsi Neto, sócio proprietário da MMbarsi investimentos

O especialista em investimentos explica também que as cotas não tem valores “estratosféricos” de entrada e são geralmente adquiridas como uma forma de diversificação na carteira. “Caso o investidor não tenha essa finalidade, ainda assim existe a consequência da diversificação, visto que os ETF’s compõe diferentes ativos ou classes de ativos em sua composição”, complementa Barsi.

Em entrevista ao Tecnoblog, Henrique Teixeira, líder de desenvolvimento de negócios do grupo especializado em cripto Ripio, também reitera a questão da simplicidade para o investidor de criptomoedas: “Uma vantagem é que se você já investe no mercado tradicional, você pode usar a mesma plataforma que está acostumado para comprar um ETF de cripto.”

Barsi complementa que os ETFs operam com taxas de administração geralmente menores que a de fundos de gestão ativa. Além disso, essa opção também oferece mais comodidade ao investidor e a tranquilidade em saber que o ETF estará replicando também as alterações do índice que acompanha.

ETFs de criptomoedas valem a pena?

ETFs de bitcoin e de outras criptomoedas podem não ser tão vantajosos (Imagem: Jorge Franganillo/Flickr)

“Um ETF cripto representa um grupo de pessoas que aplicam em determinado criptoativo. É um pouco diferente de se comprar criptomoedas diretamente. Eles podem ser lastreados em bitcoin, ether, stablecoins, moedas digitais variadas e assim por diante. Há ainda opções mescladas, com 20% alocado em cripto e os outros 80% em renda fixa, por exemplo.”

Henrique Teixeira, líder de desenvolvimento de negócios do grupo Ripio

Enquanto ETFs podem ser boas opções para o mercado tradicional, Teixeira acredita que, no caso dos fundos de criptomoedas negociados em bolsa, há mais pontos negativos do que positivos.

“Teoricamente, esse tipo de fundo ajuda mais pessoas a terem exposição às criptomoedas. Para mim, a facilidade é uma das únicas vantagens.”

Henrique Teixeira

O gestor do fundo cripto vai sempre tentar manter as proporções para que as cotas do ETF negociadas na bolsa de valores se valorizem junto com os ativos, mas, segundo Teixeira, não há nenhuma redução de risco em um mercado tão volátil.

“Em termos de desvantagens, são várias. Você acaba tendo que pagar uma taxa de administração para o gestor do fundo, há também a taxa da bolsa… há muitas coisas que você tem que pagar que, se estivesse comprando criptomoedas diretamente, não seriam cobradas.”

Henrique Teixeira, líder de desenvolvimento de negócios do grupo Ripio

Há também o imposto de renda a se considerar. Conforme explica Teixeira, em um ETF há cerca de 15% de imposto de renda padrão, enquanto em investimentos diretos em ativos digitais há a isenção de imposto de renda até R$ 35 mil no ano.

Investir diretamente em criptomoedas pode trazer mais benefícios (Imagem: WorldSpectrum/ Pixabay)

Na parte de compra e venda, criptomoedas são “24/7”, segundo Teixeira. ou seja, em qualquer dia ou horário você pode negociar, sacar ou depositar seus ativos. Em um ETF, como se trata de um produto da bolsa de valores, ele funciona de segunda a sexta e dentro do horário comercial. Então, se há algum movimento importante à noite ou em finais de semana, você não tem como mexer na sua aplicação.

Nessa questão, Barsi compartilha da mesma opinião:

“O fato de se poder negociar somente durante o horário do pregão (horário em que ações, por exemplo, são negociadas) e se tratando de um mercado que não dorme e de alta volatilidade, o ETF cripto traz um fator de risco.”

No entanto, os dois especialistas divergem em um ponto. Teixeira acredita que é muito mais vantajoso negociar seus criptoativos diretamente, por meio de uma corretora cripto de confiança.

Por outro lado, Barsi afirma que, como um investidor cripto, ele se sente “mais seguro” em aplicar em um ETF de criptomoedas do que ter que abrir conta em corretora que, segundo ele, podem apresentar travas de saque e outros problemas, especialmente quando se trata de exchanges de outros países.

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